Após alta em dezembro, confiança da indústria volta a cair em janeiro

O Índice de Confiança da Indústria (ICE), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), recuou 0,2 ponto em janeiro, após registrar alta de 1,2 ponto em dezembro do ano passado.

Com o resultado do primeiro mês deste ano, o indicador chegou aos 93,1 pontos.

O Índice de Situação Atual (ISA) recuou 0,7 ponto no período, para 93,1 pontos, puxado pela queda de 1,6 ponto no indicador que mede a percepção dos empresários do setor sobre a situação atual dos negócios.

O Índice de Expectativas (IE), por sua vez, teve avanço de 0,4 ponto em janeiro, para 93,2 pontos. A confiança nos negócios para os próximos seis meses subiu 2,4 pontos, alcançando 91,9. Apesar da alta, o índice segue abaixo dos 100 pontos desde setembro de 2021 (102,7 pontos).

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) recuou 0,8 ponto percentual, para 78,8%, atingindo o pior resultado desde maio de 2021 (77,8%).

“O ano começou com acomodação na confiança do empresário industrial. Nas avaliações sobre a situação atual, há uma percepção de novo enfraquecimento da demanda que se reflete em um aumento do nível dos estoques”, afirma o economista do Ibre/FGV Stéfano Pacini.

“Em relação às percepções de futuro, os empresários projetam melhora da tendência dos negócios gerada por alguma reação da demanda e alguma recuperação das contratações, mas que precisam ser avaliadas com cautela, considerando o nível baixo dos indicadores”, prossegue Pacini. Mesmo com resultados menos pessimistas, isso não se refletiria uma melhora da produção nos próximos meses, o que pode estar relacionado ao nível de estoques.”

Por que a indústria não deslancha

Reportagem publicada pelo Metrópoles mostrou que alta carga tributária, burocracia, problemas de infraestrutura, custo de energia elevado e efeitos da crise sanitária enfrentada pelo país e pelo mundo durante a pandemia de Covid-20 são alguns dos fatores apontados pelo setor industrial para explicar por que a indústria brasileira vem “andando de lado” e não consegue deslanchar, amargando uma estagnação que já dura algum tempo.

“A indústria tem crescido muito lentamente, tem andado de lado. Quando comparamos os últimos seis meses com os seis meses imediatamente anteriores, percebemos um crescimento muito tímido, abaixo de 1%”, lamentou o gerente-executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles.

“Basicamente, o que explica esse desempenho ruim é que os setores mais dependentes de crédito já estão sentindo bastante o aumento da taxa de juros”, prossegue Telles. “Tem uma parte do setor industrial que depende muito de financiamento para escoar a produção e para vender. O comércio que vende esses produtos tem tido um desempenho pior, o que se reflete na produção industrial.”

 

Por Metrópoles

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