O ataque a bomba que matou 100 pessoas em uma mesquita da sede da polícia em Peshawar, noroeste do Paquistão, foi uma retaliação por operações contra grupos islâmicos armados – disse o chefe da polícia local nesta terça-feira. Quando ocorreu a explosão, na segunda-feira (30), entre 300 e 400 policiais estavam reunidos para a oração do meio-dia na mesquita, localizada dentro das dependências da polícia, uma área normalmente muito vigiada.
O governo da província de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital, disse que o último balanço foi de 100 mortos e 221 feridos, policiais em sua grande maioria.
“Estamos na linha de frente” na luta contra os movimentos islâmicos armados “e é por isso que fomos atacados”, disse à AFP o chefe da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan.
“O objetivo é nos desmoralizar como força policial”, afirmou.
Desde que o Talibã voltou ao poder em Cabul em agosto de 2021, os ataques dos insurgentes contra patrulhas policiais, bloqueios de estradas e delegacias de polícia aumentaram tanto em Peshawar – a cerca de 50 quilômetros da fronteira com o Afeganistão – quanto nas áreas tribais que cercam a cidade. Esses ataques foram cometidos, principalmente, pelos talibãs paquistaneses do TTP (Tehreek-e-Taliban Pakistan), os quais recuperaram a liberdade de movimento com a retirada das forças americanas do Afeganistão. Alguns ataques foram obra do EI-K, o braço regional do grupo jihadista EI (Estado Islâmico).
O chefe da polícia provincial, Moazzam Jah Ansari, disse à imprensa que um homem-bomba conseguiu entrar na mesquita carregando entre 10 e 12 quilos de “pequenos explosivos”. Segundo ele, um grupo às vezes relacionado com o TTP pode estar por trás do ataque.
“Preso sob os escombros”
Nesta terça, corpos ainda estavam sendo retirados dos escombros da mesquita, cujo teto e uma parede desabaram na explosão. As equipes de resgate usaram câmeras e aparelhos de escuta para tentar localizar os sobreviventes. “Fiquei preso sob os escombros com um cadáver em cima de mim durante sete horas. Perdi todas as esperanças de sobrevivência”, disse à AFP Wajahat Ali, um policial de 23 anos, agora hospitalizado.
Dezenas de policiais mortos no ataque já foram enterrados em cerimônias solenes, com guardas de honra e caixões enfeitados com a bandeira do Paquistão. O TTP, um movimento não relacionado com a atual liderança do Talibã no Afeganistão, mas com raízes comuns, negou a responsabilidade pelo ataque de segunda-feira. Desde a sua criação em 2007, o TTP matou dezenas de milhares de civis e forças de segurança no Paquistão. Em 2014, o movimento foi expulso das áreas tribais por uma operação militar.
Um oficial de segurança local, que pediu anonimato, disse que as autoridades também estudam o possível envolvimento do grupo EI-K, de uma divisão do TTP, ou mesmo um ataque coordenado por vários grupos. “Muitas vezes antes, grupos armados, incluindo o TTP, cometeram ataques contra mesquitas sem reivindicar responsabilidade, porque uma mesquita sunita é considerada um lugar sagrado”, afirmou. Após o ataque, Islamabad, capital do Paquistão, e o restante do país, principalmente na fronteira com o Afeganistão, ficaram em alerta máximo.
“Os terroristas querem semear o pânico, atacando aqueles que estão cumprindo seu dever de defender o Paquistão”, disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif.
Por Uol Notícias
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