China: Evergrande se diz impossibilitada de emitir títulos e despenca

A gigante chinesa Evergrande, uma das maiores empresas da China no setor imobiliário, informou, no domingo (24/9), que está impossibilitada de emitir novos títulos, em meio à crise de liquidez enfrentada pela companhia, o que agrava a situação já delicada do mercado imobiliário do país asiático.

Em comunicado apresentado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande afirmou que a subsidiária Hengda Real Estate é alvo de uma investigação da Comissão Reguladora de Valores da China por supostamente violar as normas de divulgação de informações.

De acordo com a Evergrande, essa investigação impede que a empresa emita novos títulos.

“Os detentores de títulos e potenciais investidores da empresa são aconselhados a ter cautela ao negociar os valores mobiliários da companhia”, diz a incorporadora.

Nesta segunda-feira (25/9), as ações da Evergrande desabaram mais de 21% na Bolsa de Hong Kong.

Proteção contra falência

Em meados de agosto, a Evergrande pediu proteção contra a falência nos Estados Unidos.

A companhia recorreu a um instrumento denominado Chapter 15, da Lei de Falências dos Estados Unidos, que trata de processos internacionais de recuperação judicial que tiveram início em outros países.

A regra permite às empresas estrangeiras terem seu processo estendido aos EUA, protegendo ativos que possuem no país.

O pedido da construtora chinesa se refere a procedimentos de reestruturação em Hong Kong e nas Ilhas Cayman.

A Evergrande tenta, há meses, concluir um plano de reestruturação de sua dívida. Em abril, a companhia informou que não contava com o apoio necessário dos credores para colocar o plano em prática.

Na semana passada, a Sunac, outra grande empresa do setor imobiliário chinês,também apresentou um pedido de proteção contra falência nos EUA. No fim do ano passado, as dívidas da Sunac giravam em torno de 1 bilhão de yuans, o equivalente a US$ 137 milhões.

A crise do mercado imobiliário da China

Reportagem publicada pelo Metrópoles em agosto mostrou que o mercado imobiliário chinês enfrenta uma grave crise.

O risco é o de um efeito dominó que afete a já abalada confiança dos consumidores, as contas das províncias e o setor financeiro chinês. Nos últimos três anos, ao menos 50 incorporadoras chinesas deram calote ou atrasaram pagamentos, segundo a agência de risco Standard & Poor’s.

O país tem sofrido com uma forte desaceleração econômica, com desemprego recorde entre os jovens e uma demanda fraca por bens e serviços, que desaqueceu o mercado. Em julho, a China registrou sua primeira deflação desde fevereiro de 2021, como reflexo da diminuição generalizada do consumo.

Depois de uma série de medidas para estimular a economia, Pequim teve algumas notícias auspiciosas nos últimos dias. Setores como indústria, varejo e serviços tiveram índices positivos em agosto, o que pode ser o início de uma reação. A venda de imóveis, contudo, recuou 1,5% nos oito primeiros meses do ano, agravando a situação do combalido mercado imobiliário local.

 

Por Metrópoles

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