Após o Governo do Distrito Federal (GDF) exigir que os Serviços de Acolhimento para Idosos atendam pessoas da terceira idade com doença infectocontagiosa, dependentes químicos e com transtornos mentais, as três unidades do Lar dos Velhinhos estudam encerrar parceria com o Executivo local. Dessa forma, devem fechar as portas por falta de verba. Com o possível fim das atividades, 217 idosos serão afetados diretamente.
Há 42 anos, o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, oferece moradia, alimentação, atendimento psicológico, serviço de enfermagem, fisioterapia e assistência social a idosos do DF. A instituição é a maior da capital federal e atende 92 idosos.
Desde 2009, a instituição mantém parceria com o GDF. Segundo o vice-presidente do Maria Madalena, Nelson Sanchez, mesmo com os repasses financeiros do governo, o local sempre recorreu a almoços beneficentes, bazares e outros eventos de captação de recursos e doações da comunidade.
Agora, a instituição não conseguirá atender as novas exigências do Edital nº 006/2022 da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF). O Lar dos Idosos alega não ter infraestrutura e profissionais qualificados para receber idosos nas condições de dependência química, transtorno mental e doenças contagiosas.
“Esses três pontos são complicadíssimos de trabalharmos. Temos um ambiente cheio de pessoas com baixa imunidade; então, receber um idoso com qualquer doença infectocontagiosa coloca em risco a vida de outros pacientes. Não somos um hospital ou uma clínica psiquiátrica. Também não temos profissionais nem estrutura para atender idosos com transtornos mentais ou dependências”, ressalta.
Além disso, o edital prevê reajuste de 13,51% no repasse por idoso atendido. De acordo com Nelson, o valor não é suficiente para suprir os gastos da instituição. O último reajuste havia sido em 2016. “O valor repassado não acompanha os custos. Basicamente, o repasse do GDF apenas paga a folha de pagamento. Com o início da pandemia, tivemos um gasto mensal de R$ 35 mil só com Equipamento de Proteção Individual (EPIs)”, pontua.
Mesmo com o repasse insuficiente do GDF, a instituição alega que não conseguirá manter as portas abertas sem a parceria. Além dos 92 idosos que ficarão desabrigados, 91 colaboradores perderão o emprego após o encerramento das atividades.
O Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes e São José, ambos em Sobradinho, com 75 e 50 idosos respectivamente, passarão pelo mesmo problema para atender as novas exigências do GDF. Caso encerrem a parceria, também não conseguirão manter a instituição aberta.
“Não temos estrutura para receber esses idosos. Estamos em uma rua sem saída. Nossa responsabilidade é muito grande. Se envio uma proposta aceitando os termos do edital, eu estou assumindo uma coisa que eu sei que não consigo atender”, afirma a diretora voluntária do Bezerra de Menezes, Inês Miranda.
Além dos idosos, as duas instituições de Sobradinho empregam mais de 103 funcionários diretos.
“Nosso problema é de estrutura. Mesmo se o GDF aumentar a per capita, a gente não consegue receber esses idosos. E, se não tiver mais a parceria, infelizmente, não conseguimos manter a instituição”, lamenta Rodrigo Lima, coordenador do Lar São José.
Por Metrópoles
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