Congresso de educação debate caminhos para inclusão nas escolas

O segundo dia do maior congresso de educação da América Latina tratou do eixo Inclusão e Diversidade. A Bett Brasil apresentou hoje (11) os desafios para a educação inclusiva, a democracia na inclusão digital e a criação de uma escola justa e respeitosa.

No painel Como Desenvolver um Educador Inclusivo, as especialistas Marta Gil e Elaine Brandão falaram de suas experiências sobre inclusão de pessoas com deficiência na escola e a formação de professores.

“O professor inclusivo aposta na qualidade de todos os alunos. Ele não vê apenas a cadeira de rodas, por exemplo, ele vê o aluno e não a condição dele. O educador inclusivo sabe que a educação é direito de todos. O educador inclusivo é disruptivo, chega e muda tudo dentro de nós”, disse Marta Gil, coordenadora do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, ONG que trabalha pela inclusão de pessoas com deficiências.

Para ela, o cenário de volta às aulas presenciais pós-pandemia de covid-19 é desafiante. “Mas, a educação inclusiva traz alternativas porque trabalha com estratégias concretas que respeitam características, condições e tempo de cada aluno”.

Marta indicou o Guia do Educador Inclusivo como leitura fundamental para entender o universo.

Elaine Brandão, mediadora de processos educacionais participativos da Associação Educacional Labor, falou como o professor da educação inclusiva se desenvolve:

“Precisamos fazer as adequações metodológicas, dar a cada um o que cada um precisa. A educação inclusiva é interação na relação, é uma busca coletiva de inovação. Tem um novo olhar”.

Ela observou ainda que, na prática, o educador inclusivo precisa ter cuidado com procedimentos e atitude, com supostas ‘brincadeiras’ que, na verdade, não são brincadeiras. “Brincadeira é quando duas pessoas se divertem”, completou. “É preciso ter ainda o diálogo permanente e sensível ao outro – o que o outro tem para dizer importa”. E finalizou: “Incluir é ter a certeza de que o lugar de todos é dentro da escola”.

Inclusão digital

No painel Educação, Democracia e Diversidade, Thomaz Galvão e Américo Mattar trataram das dificuldades e soluções para que a conectividade chegue – e funcione – em todas as escolas brasileiras, principalmente as mais carentes e distantes.

“Para superar a questão da conectividade, a gente tem que garantir o acesso à tecnologia para dentro da porta da escola, depois de boas contratações de pacotes de internet para essa escola ter um alto índice de qualidade, de velocidade e depois equipamentos na escola para garantir, em termos técnicos, acesso ao estudante”, detalhou Galvão, responsável por inteligência de negócios da MegaEdu, uma organização sem fins lucrativos que trabalha para levar internet de alta velocidade a escolas públicas do país.

“São desafios que vão ser superados a partir de articulações de políticas públicas. Ao entender o cenário, como está o status das escolas, criamos um diagnóstico robusto e trabalhamos com cada diretor, garantindo a conectividade. Não tem uma fórmula mágica para ser igual em todas as escolas. Vamos entender a característica singular de cada escola e criar um plano de conectividade que atenda as necessidades das escolas”.

Para o diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Américo Mattar, universalizar a internet não é pensar que a tecnologia sozinha vai resolver todas as questões.

“Universalizar não significa ter uma bala de prata que vai resolver todos os problemas. Temos que preparar os educadores das redes de ensino pra que isso seja institucionalizado na política pública”.

Ele lembra ainda que, além da conectividade, é preciso a manutenção tecnológica periódica. “Não basta a gente conectar. Para manter isso, o estado tem que acessar os recursos da PIEC [Programa de Inovação Educação Conectada]. Tem que ter recursos para fazer a manutenção, garantir que a internet continue funcionando. É um olhar sobre cada necessidade, de cada região, para que a gente possa atender e efetivamente ser mais equânime. Não dá pra continuar com a tecnologia concentrada somente nos alunos de maior poder aquisitivo”.

Escola justa e respeitosa

O primeiro painel do dia do eixo Inclusão e Diversidade, tratou do tema Como Criar uma Escola Justa e Respeitosa. A Irmã Adair Aparecida Sberga contou suas experiências com o voluntariado estudantil. Ela percebeu, ao longo de sua trajetória, que as ações voluntárias realizadas pelos estudantes podem despertar o respeito pelo próximo.

“Quando você tem pessoas na sociedade que praticam o voluntariado ele tem uma grande incidência de transformação da realidade. Por que cada pessoa tem uma riqueza única e insubstituível e pode dar uma contribuição valiosa para a comunidade. As relações interpessoais justas e respeitosas só vão existir se a gente praticar”, acredita Irmã Adair, diretora da Associação Nacional da Educação Católica (Anec).

Além dela, participou do painel a diretora pedagógica da Rede Salesiana Brasil, Neusa Maria Bueno Ribeiro Rosa. Para ela, construir uma escola justa e respeitosa é também desconstruir antigos modelos.

“Eu defendo o espaço de aula, por isso toda vez que temos algo que não está indo no rumo correto temos que ver como podemos ajustar essas questões. E aí, juntos, precisamos desconstruir alguns modelos que estão enraizados e que não respondem mais às questões da sociedade de hoje. Coragem é fundamental para levar as possibilidades de mudança”.

 

Por Agência Brasil

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