Em meio ao terremoto que causou mais de 5 mil mortes na Turquia e na Síria, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan pode usar a tragédia para se beneficiar nas eleições gerais do país. A análise é de Paulo Velasco, professor de política internacional da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), que comentou, em entrevista ao UOL News nesta terça, sobre o possível uso político da catástrofe.
Erdogan ganhou muito poder nos últimos tempos e é uma figura proeminente na Turquia. Nos últimos anos, ele se preparou para se manter no poder e certamente tentará usar essa tragédia a seu favor. Tentará colher dividendos, sobretudo mostrando capacidade de resposta e empenho.
Para o professor, membros da oposição também devem usar o episódio para criticar o governo Erdogan, mas reforçou que o atual governo turco se empenhou para sufocar, muitas vezes de forma dura, seus opositores.
Sempre que temos um cenário como esse, de grande devastação e próximo de um período de eleições gerais, surge a grande incógnita de se algum nome da oposição não tentará responsabilizar o governo turco por não ter sabido agir de forma correta. Não acho que isso afetará a figura de Erdogan e ele conseguirá contornar as críticas.
Brasil dá passo maior que as pernas ao querer mediar guerra na Ucrânia, diz professor.
Velasco considerou um risco a intenção de o Brasil servir como um possível mediador na guerra entre Rússia e Ucrânia. O professor destacou que, apesar das boas relações com os dois países, o governo brasileiro não tem a experiência necessária na região para tentar buscar a paz em um conflito desta magnitude.
O Brasil é, historicamente, um mediador de conflitos, mas na sua região. O plano global, é mais difícil. Não temos tanto cacife. Embora tenhamos um bom diálogo tanto com Moscou como com Kiev, é difícil o Brasil assumir as responsabilidades e o ônus da mediação de um conflito dessa proporção. Estamos realmente dando um passo maior do que as pernas.
Por Uol Notícias
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