Plano polêmico de Liz Truss desagradou o mercado e custou seu mandato

A renúncia de Liz Truss do cargo de primeira-ministra do Reino Unido, apenas 45 dias após assumir, é atribuída a um polêmico plano anunciado pelo governo que alarmou os mercados sobre os riscos de desequilíbrio fiscal envolvendo um “alívio” nas contas de energia aos consumidores.

Divulgado no fim de setembro, o plano de crescimento incluía um pacote de cortes de impostos e incentivos em investimentos. O governo tenta estimular a economia, enquanto o país sofre uma dura inflação de 9,9% e beira uma recessão. A economia britânica sente os reflexos da pandemia, da guerra da Ucrânia e dos impactos causados pelo Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia).

 

O plano deveria custar aos cofres ingleses cerca de 45 bilhões de libras esterlinas (ou US$ 50 bilhões). O valor seria somado aos 60 bilhões de libras (US$ 66,5 bilhões) referentes aos planos de ajuda às contas de energia doméstica anunciados pela então primeira-ministra semanas antes.

Mas houve resistência forte. O mercado temia mais inflação em um momento delicado onde os preços já estão elevados e os países desenvolvidos trabalham com altas taxas de juros. O plano de Liz Truss também sofreu duras críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos próprios membros do Partido Conservador.

Truss demitiu o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, no último dia 14, na esteira da má recepção ao plano apresentado. Kwarteng ficou no cargo por apenas 38 dias – o segundo mandato mais curto da história da pasta.

Para acalmar os mercados e restaurar a credibilidade do governo, o novo chefe da pasta, Jeremy Hunt, disse que reverteria “quase todas” as medidas fiscais anunciadas por seu antecessor.

Renúncia

Mesmo com a substituição, Truss não reuniu condições para se manter no cargo e renunciou nesta quinta-feira (20/10). “Reconheço, dada a situação, que não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por isso, falei com Sua Majestade, o Rei, para notificá-lo de que estou renunciando ao cargo de líder do Partido Conservador”, disse ela em discurso.

Truss, que substituiu o Boris Johnson, é a terceira líder do Reino Unido consecutiva a deixar ao cargo antes do fim do mandato, e ficou por menos tempo na função na história do país. Ela anunciou que permanecerá como premiê até que um substituto seja escolhido.

A premiê convocou uma reunião com o presidente do comitê de seu partido responsável por convocar novas eleições internas, nesta quinta-feira. Segundo ela, os dois acertaram os detalhes de uma eleição para o novo líder do Partido, a ser concluída na próxima semana.

 

 

Por: Metrópoles

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