Rússia abaixa o tom e diz que guerra “não é para derrubar” Zelensky

Em um tímido aceno de recuo, o governo russo afirmou que a “operação militar especial”, como eles tratam a guerra na Ucrânia, não é para derrubar o presidente Volodymyr Zelensky.

Nesta quarta-feira (9/3), em entrevista coletiva em Moscou, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, garantiu que houve avanços nas negociações e que a Rússia vai conseguir estabelecer status neutro ucraniano em relação ao ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Não queremos ocupar a Ucrânia, ou a destruição de seu Estado, ou a derrubada do governo. Não é dirigido contra a população civil”, frisou.

Zakharova afirmou que “houve algum progresso” nas negociações nos últimos dias, o que deve ser acentuado nas próximas reuniões entre russos e ucranianos.

“Estão ocorrendo negociações com a parte ucraniana para acabar o quanto antes com o banho de sangue sem sentido e a resistência das Forças Armadas ucranianas”, concluiu a porta-voz.

Feridos sem socorro

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou uma entrevista coletiva nesta quarta-feira para fazer alertas sobre os desdobramentos da guerra na Ucrânia. A falta de atendimento a feridos e os riscos de um acidente nuclear foram os principais temas.

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, e Mark Ryan, diretor-executivo da entidade, mostraram extrema preocupação com o país que está sob ataque desde 24 de fevereiro.

Com o Exército russo controlando e bombardeando usinas nucleares, segundo acusações do governo ucraniano, as autoridades sanitárias alertaram o perigo de vazamentos de material radioativos.

“Todos os países têm planos de emergência para casos de eventos nucleares. No caso de um eventual acidente, temos plano para lidar com a crise, mas esse é um evento terrível”, ponderou Mark Ryan.

Outro problema indicado pela OMS é a falta de assistência aos feridos na guerra, além das dificuldades de se entregar remédios e ajuda humanitária.

“Estão [Exército russo] dificultando o acesso. A situação humanitária é muito desafiadora. A crise de saúde não vai parar agora, a não ser que haja um cessar-fogo. A guerra engoliu sistema de saúde da Ucrânia”, concluiu.

Por fim, Mark Ryan sinalizou que a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, continua matando e infectando no país. Segundo o executivo, 731 uranianos morreram, na última semana, com a enfermidade.

Desdobramentos da guerra

O presidente russo, Vladimir Putin, está irritado com as sanções economicas que a Rússia tem sofrido e tem usado o alto escalão do governo para mandar recados ao Ocidente. Principalmente, aos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira (9/3), em pronunciamento no Kremlin, sede do governo, o porta-voz russo, Dmitry Peskov, disse que o país “foi, é e será” um fornecedor de energia confiável. Ele garantiu que a venda de energia continua, mas deu a entender que isso pode mudar.

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Ele acrescentou: “Os Estados Unidos definitivamente declararam guerra econômica contra a Rússia e estão travando essa guerra”, frisou.

Trégua desrespeitada

O governo ucraniano voltou a acusar o Exército russo de atacar corredores verdes, que são rotas de fuga humanitárias. A Europa, desde o início da invasão, vive uma crise de refugiados. Somente nas últimas 24 horas, 140 mil pessoas deixaram a Ucrânia.

Nesta quarta-feira (8/3), o governo de Kharkiv informou que a retirada de moradores de Izyum não está ocorrendo por conta dos bombardeios russos ininterruptos.

Em Mariupol, todas as tentativas até agora foram frustradas por causa dos ataques incessantes, apesar do acordo de trégua. A guerra não fica somente no front militar. Russos e ucranianos trocam sucessivas acusações de furarem o cessar-fogo.

A tensão ocorre em meio à reação em cadeia que a guerra causa. Os Estados Unidos proibiram que empresas norte-americanas comprem petróleo russo. A Rússia, irritada, reagiu e proibiu a venda de matérias-primas — o Kremlin ainda vai divulgar quais são exatamente e quais países escaparão do banimento.

Fuga

Em Enerhodar, alguns civis, em sua maioria mulheres e crianças, foram retirados por um corredor humanitário, disse o prefeito. A cidade abriga a maior usina nuclear da Europa, que está sob domínio dos russos.

Moradores de Sumy conseguiram sair pelo segundo dia consecutivo, segundo o prefeito da cidade, em declaração repercutida por agências internacionais de notícias.

O vice-primeiro-ministro ucraniano, Iryna Vereshchuk, disse que as forças armadas russas concordaram em parar de atacar áreas de corredores humanitários das 9h às 21h do horário local (das 4h às 16h no horário de Brasília) desta quarta-feira.

 

Por Metrópoles

 

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