Ucrânia denuncia ataque ‘sem precedentes’ e diz ter abatido 29 mísseis

O governo da Ucrânia afirmou que a Rússia lançou na madrugada de hoje um novo ataque aéreo “sem precedentes”. Os alvos eram a capital, Kiev, e outras áreas do país, mas a Ucrânia afirma que abateu quase todos os mísseis e drones. “Uma série de ataques aéreos a Kiev, sem precedentes em sua potência, intensidade e variedade, continua. Este é o nono ataque aéreo consecutivo à capital desde o início de maio”, indicou a administração civil e militar da capital em um comunicado de imprensa.

Apesar da dimensão do ataque, o governo ucraniano também afirmou que derrubou quase todos os mísseis russos que visaram Kiev e outras regiões durante a noite. As forças ucranianas conseguiram destruir “33 alvos aéreos – 29 mísseis e 4 drones”, relatou o comandante da Força Aérea Mykola Oleshchuk. Segundo ele, a Rússia havia disparado 30 mísseis.

Por outro lado, uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas no porto de Odessa, no Mar Negro, durante um ataque a uma zona industrial, informou a administração militar regional. Os militares também relataram ataques com “mísseis de cruzeiro” na região de Vinnytsia, no centro do país, e a mídia local relatou explosões em Khmelnytskyi, a cerca de 100 km a oeste.

Um incêndio também ocorreu em uma empresa em Kiev após a queda de destroços, mas não houve feridos, acrescentou o prefeito da capital, Vitali Klitschko, no Telegram.

Visita de representante da China

Esses novos ataques ocorrem durante uma visita a Kiev de um alto funcionário chinês, Li Hui, representante especial para assuntos euroasiáticos e ex-embaixador em Moscou, que deve, de acordo com Pequim, discutir uma “solução política” para o conflito. Li se reuniu na quarta-feira (17) com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, que “explicou em detalhes ao representante especial chinês os princípios de restauração de uma paz duradoura e justa, baseada no respeito à soberania e integridade territorial da Ucrânia”, revelou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.

“Ele enfatizou que a Ucrânia não aceita nenhuma proposta que implique a perda de seus territórios ou o congelamento do conflito”, acrescentou.

Crimeia

Kiev teme ser pressionada, a longo prazo, a aceitar um compromisso com Moscou e exige a devolução de todos os territórios ocupados pela Rússia, incluindo a Crimeia anexada em 2014. Uma reunião entre Li e o presidente Volodymyr Zelensky é “possível”, antecipou um alto funcionário ucraniano na quarta-feira sob condição de anonimato. Essa troca seria a primeira entre Zelensky, que encoraja Pequim a pressionar o presidente Vladimir Putin, e um alto funcionário chinês.

A viagem de Li Hui também prevê visitas à Polônia, França, Alemanha e Rússia.

A China, parceira próxima de Moscou, nunca condenou publicamente a invasão russa. E durante uma visita a Moscou em março, o presidente Xi Jinping deu apoio simbólico a Putin. Em fevereiro, Pequim ofereceu um plano de 12 pontos para acabar com a guerra, visto com ceticismo pelos ocidentais.

Armamentos

A visita de Li a Kiev ocorre logo após uma viagem europeia de Zelensky, quando ele recebeu a promessa de novas entregas de armas necessárias para lançar uma grande contraofensiva. Ele foi ouvido sobre diversos pontos – mísseis antiaéreos, drones de ataque, viaturas blindadas – e avançou para a entrega de aviões de combate ocidentais, que os europeus relutam em fornecer.

Os Estados Unidos também confirmaram na quarta-feira que um sistema Patriot foi danificado por um projétil não identificado, mas o equipamento permanece operacional. Na terça-feira (16), o exército russo afirmou ter destruído uma bateria Patriot com um “ataque de alta precisão” realizado “por um míssil hipersônico Kinjal”.

Washington havia anunciado no final de 2022 a entrega a Kiev de sistemas Patriot, capazes de abater mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos de curto alcance e aeronaves em uma altitude significativamente superior à dos sistemas de defesa fornecidos até então. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta quinta-feira para discutir a situação na Ucrânia.

Grãos

Na quarta-feira, Moscou e Kiev estenderam seu acordo de grãos vital para a alimentação global, após a mediação da Turquia e da ONU. Este acordo sobre a exportação via Mar Negro de cereais ucranianos, concluído em julho de 2022 em Istambul e que expirou na noite de quinta-feira, foi prorrogado “por dois meses”, anunciou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O acordo permitiu exportar mais de 30 milhões de toneladas de cereais ucranianos nos últimos dez meses e aliviar a crise alimentar mundial causada pela guerra. Sua prolongação “é uma boa notícia para o mundo”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

 

Por Uol Notícias

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